Raízes Culturais: Celebrando o Baobá na Estação Conhecimento de Brumadinho

“Olélé, olélé Moliba makasi
Olélé, olélé Moliba makasi
Mboka na yé
Mboka na yé
Olélé, olélé Moliba makasi”

A roda é uma tecnologia social que nos permite conectar olhares. Nesse espaço, reconhecemos uns aos outros, percebendo nossas diferenças e semelhanças. Ela acolhe a diversidade e fortalece o coletivo, tornando muitos em um só, onde compreendemos o poder da comunidade. Estar em roda é essencial para fortalecer laços e criar um ambiente educacional inclusivo e afetuoso. Foi em círculo que celebramos o segundo aniversário da árvore Baobá, entoando um cântico congolês na língua Lingala. Escolhemos esse cântico ancestral para celebrar a presença da árvore, que continuará a atravessar gerações.

No Congo, um dos países do continente africano, o rio Cassai, uma das vias fluviais mais importantes da região, periodicamente transborda, inundando um vilarejo inteiro. Em resposta, o kala, o ancião da comunidade, convoca todos os moradores para se reunirem e remarem em suas canoas, enfrentando a correnteza forte do rio. Para fortalecer sua determinação e coragem durante essa travessia desafiadora, eles entoam um cântico ancestral, que também serve como uma canção de ninar e de brincadeiras de roda.

Assim como a música, o baobá, uma árvore originária da África, é uma presença marcante. Sete das oito espécies existentes são nativas do continente. O baobá carrega consigo simbologias de resistência, cura, fertilidade e abundância. Com uma vida que pode se estender por milênios, essa árvore é considerada uma anciã viva, testemunha de inúmeras gerações, guardiã das memórias de todos os seres que passaram por sua sombra.

Existem inúmeras crenças em torno do baobá. Muitos acreditam que essa árvore imponente, com seu tronco maciço, serve como um pilar que conecta os mundos material e espiritual. É uma figura de conexão, que fundamenta e enraíza a humanidade em sua espiritualidade.

Para encerrar a celebração, e ainda seguindo essa perspectiva de crença, os educandos confeccionaram fitas de tafetá, nas quais escreveram seus desejos para o mundo. Pensando no espírito de coletividade, refletiram sobre quais desejos desejam compartilhar com os outros.

Questionaram-se: o que desejo para mim é também o que desejo para os outros? Essa ação foi inspirada na obra “Eu Desejo o Seu Desejo”, da artista Rivane Newenshwander, e também na tradição de fazer pedidos ao soprar a vela de aniversário.

É claro que não poderíamos deixar de ter bolo! Nos dias de celebração, servimos um delicioso bolo para nossos educandos e colaboradores, além de instalar uma nova placa sobre a espécie botânica gentilmente oferecida pelo Instituto Inhotim.

Ter um baobá na Estação Conhecimento de Brumadinho faz parte de uma proposta de enraizamento em nossa ancestralidade brasileira, que se originou de diversas culturas, especialmente as africanas. Seu plantio, realizado em 29 de abril de 2022, como culminância do Projeto Baobá, foi uma iniciativa de educação antirracista e de valorização da diversidade cultural do Brasil.

Vida longa ao Baobá!

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